Dentro da comunidade japonesa do Shibari, não há um consenso sobre a diferença concreta entre Shibari e Kinbaku. Pessoas praticantes consideradas referência na prática, transitam entre os dois termos, dependendo das circunstâncias. Shibari é uma palavra japonesa cujo significado é amarrar, porém não é derivada do kanji 縛、( “amarrado”) que já fazia parte da língua Japonesa antes que monges japoneses/chineses trouxessem o sistema de escrita chinês para o Japão em uma espécie de importação.
SHIBARI = 縛り、 Onde: 縛 é um Hanzi (caractere chinês) Pronúncia “fu” em mandarim / “bok” em cantonês / “baku”em japonês
り é um hiragana (sinal alfabético japonês, derivado de um caractere chinês 利 ) Pronúncia “li” em mandarim / “lei” em cantonês / “ri”em japonês
KINBAKU = 緊縛 É uma palavra recente, criada provavelmente no século XX. Ela combina dois caracteres chineses. 緊 significa, em chinês, algo como: “de forma apertada” Pronúncia: “jin” em mandarim / “gan” em cantonês / “kin” em japonês 縛 significa, em chinês, algo como “amarrar de forma segura”
Apesar de o verbo japonês SHIBARI ter um significado paralelo ao verbo chinês “jin” 緊 precisamos destacar uma diferença entre os dois. A ideia do verbo shibari significa amarrar, mas não necessariamente significa amarrar para impedir a movimentação. Já o significado do verbo “jin” fala de amarrar de forma que não seja possível se mover.
O idioma chinês tem sido utilizado no Japão para ocasiões de formalidade, oficialidade. Portanto, as palavras originalmente japonesas tendem a ser as escolhidas para escritas que envolvem uma comunicação mais sentimental, por exemplo.
O que entendemos até aqui? Shibari = amarrar / Kinbaku = palavra recentemente criada para expressar a ideia de “amarrar apertado para que não seja possível se movimentar”.
Veja situações interessantes com o uso das palavras:
Yukimura Haruki define sua forma de amarrar como “Shibari”. Ele diz que sua intenção ao amarrar a pessoa modelo é que esta possa se mover ao ponto de pensar que é possível se livrar da amarração, mas na verdade ela não consegue.
Nawashi Kanna, já costuma utilizar frequentemente (mas não sempre) a palavra Kinbaku para falar de sua prática com as cordas.
Para convidar para fazer Shibari em japonês é comum que se use: “Shibarimashou” (vamos shibari?) e não “kinbakushou ou “shimashou” (vamos kinbaku?).
Muitos livros e filmes acabam escolhendo utilizar Kinbaku, já que a expressão pode ser considerada “mais formal”.
Uma pessoa muito experiente e conhecida na prática com as cordas costuma ser chamada de Kinbakushi ou Bakushi, não “Shibarishi”.
Compreender essas questões linguísticas nos ajuda a sanar algumas dúvidas acerca dos significados. Simultaneamente, estas reflexões nos fazem precisar “passar por cima” da necessidade de termos únicos para significados únicos e darmos lugar a algo mais fluido levando em conta contextos.
“Teremos uma discussão sem uma resposta certa. Não é tão difícil de ensinar um exercício que tem uma resposta certa, mas isso não é o que Kinbaku deveria ser. É necessário mudar nossa mentalidade, para que assim não busquemos pela resposta correta.”
– Akechi Kanna e Kagura
Referências incríveis, base para este texto:
Post de NuitdeTokyo, instrutor licenciado por Yukimura Haruki Ryu
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